A recomendação que fizemos semana passada, de se fazer avaliação especializada como preparação prévia para a São Silvestre e as outras corridas necessita de alguns adendos. Coincidentemente a edição de agosto/setembro do jornal oficial do Conselho Federal de Medicina (CFM) traz alertas para o exercício ético e legal da medicina, entre outras resoluções. Vamos nos ater às relacionadas à prática de exercícios e esportes e falar da importância do acompanhamento de profissionais capacitados.
teste ergométrico, por resolução do CFM, tem força legal de ato médico, portanto só pode ser feito por ou na presença obrigatória de um médico no local para a avaliação clínica por todo o tempo do teste ergométrico (ausculta cardiopulmonar e sinais e sintomas) além da análise “on line” do eletrocardiograma contínuo. Como existe um risco, bem baixo, mas real de alguma complicação por arritmias, elevação exagerada da pressão arterial e isquemia coronariana, se exige que o médico só faça um exame ergométrico por vez, portanto deixando bem claro nada do médico ficar numa sala próxima acompanhando dois ou mais exames. Imaginem se dois pacientes tiverem complicações ao mesmo tempo… Quem ele deve atender primeiro? Simplesmente o usuário pode e deve questionar essas “falhas” onde estiver fazendo o exame. Se for uma AME do governo, denuncie à ouvidoria da Secretaria da Saúde.
Lamentavelmente outra situação grave nos foi denunciada. Várias academias dispensaram os profissionais de educação física e passaram a usar vídeos para orientar os exercícios. Isso para economia burra e de risco. Todos nós que praticamos exercícios regularmente sabemos que sempre é preciso que o professor corrija e avise dos limites que com frequência são ultrapassados.
O inacreditável é que essas situações ainda ocorram em nosso país, afinal estamos mudando tudo para modos de agir éticos e limpos. Exigimos que os convênios paguem o combinado e assinado pelos exames, como também as academias achem outras soluções possíveis. Assim não teremos subterfúgios para cobrir despesas inevitáveis, tirando o médico dos exames e tirando o professor das academias.
Com essa publicação do CFM alertando que todos têm o direito de serem atendidos e diagnosticados por um médico e não por outro profissional não médico, esperamos que o Conselho Federal de Educação Física também entre nessa luta para a volta do seu profissional (personal ou professor de academia) ao vivo na orientação de esportes e de exercícios físicos e a consequente diminuição das lesões físicas que têm aumentado nas academias.
Ainda nessa linha de esclarecimentos convém lembrar que o CFM alerta à população que ao procurar um especialista em alguma área da medicina, saiba que é apenas aquele que fez concurso para receber esse título e não o que apenas faz parte como membro de uma sociedade médica. Quem se utilizar dessa tática deverá sofre punição ética.
NABIL GHORAYEB
Formado em medicina pela FM de Sorocaba PUCSP, Doutor em Cardiologia pela FMUSP , Chefe da Seção CardioEsporte do Instituto Dante Pazzanese Cardiologia, Especialista por concurso em Cardiologia e Medicina do Esporte, Médico Sênior do Grupo Fleury Medicina e Saúde, Coordenador da Clínica CardioEsporte do HCor, CRM SP 15715 , Prêmio Jabuti de Literatura Ciência e Saúde. www.cardioesporte.com.br
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Fonte: http://globoesporte.globo.com/eu-atleta/saude/noticia/2016/11/para-exames-e-treinos-seguros-exija-presenca-de-medicos-e-treinadores.html