Idade ´Óssea


Porque o crescimento é importante?

A fase de crescimento de um indivíduo começa no momento da fecundação e vai até por volta dos vinte anos de idade quando se completa o processo de maturação dos sistemas e crescimento estatural, marcando o início da fase adulta. A estatura é um dos atributos físicos mais valorizados pela sociedade e frequentemente é motivo de preocupação dos pais, da criança e do próprio indivíduo quando adulto.

Quais são os principais hormônios do crescimento?
Embora vários hormônios, nutrientes, condições fisiológicas e psicológicas participem do crescimento podemos destacar dois hormônios principais:

1) Hormônio de crescimento: produzido pela hipófise, uma glândula localizada na base do cérebro do tamanho de uma ervilha.

2) IGF1: produzido pelo fígado sob estímulo do hormônio de crescimento. É o IGF1 que vai até a cartilagem do osso e promove o crescimento.

Quem possui baixa estatura?
A baixa estatura ou crescimento deficiente pode ser caracterizada por uma destas três situações:

1) uma ALTURA abaixo da esperada quando comparada à população geral;

2) uma ALTURA abaixo da esperada quando comparada ao seu potencial familiar;

3) um CRESCIMENTO abaixo do esperado para a faixa de idade.

Na primeira situação, uma pessoa tem altura abaixo da esperada quando sua altura está abaixo do percentil 3 do gráfico de altura da população para aquele sexo. Estar abaixo do percentil 3 significa estar entre os três menores quando comparado a outras 99 pessoas do mesmo sexo e idade. Veja, na tabela abaixo, que altura aproximada corresponde ao percentil 3 para cada sexo e idade.

IdadeMasculinoFeminino
2 anos82 cm82 cm
3 anos89 cm89 cm
4 anos96 cm96 cm
5 anos102 cm102 cm
6 anos108 cm108 cm
7 anos114 cm113 cm
8 anos119 cm117 cm
9 anos124 cm123 cm
10 anos128 cm128 cm
11 anos133 cm133 cm
12 anos137 cm142 cm
13 anos144 cm148 cm
14 anos152 cm151 cm
15 anos160 cm153 cm
16 anos164 cm154 cm
17 anos165 cm154 cm
18 anos166 cm154 cm


Na segunda situação, uma pessoa tem altura abaixo da esperada quando sua altura está abaixo do canal de crescimento familiar. De acordo com a estatura dos pais, toda criança possui uma faixa de estatura final esperada. Se a altura de uma criança está abaixo do canal familiar que conduz o crescimento para a sua faixa de estatura final esperada, a baixa estatura deve ser investigada.

Na terceira situação, uma pessoa que esteja com uma altura adequada do ponto de vista populacional e familiar, mas que nos últimos doze meses tenha crescido abaixo do esperado para a sua idade e sexo, já possui um crescimento deficiente e as causas devem ser avaliadas mesmo antes que ela apresente uma baixa estatura. Veja na tabela abaixo, qual é o velocidade de crescimento MÍNIMA esperada para cada sexo e faixa de idade. Esses valores podem variar se houver atraso ou avanço da idade óssea e dependendo da época da primeira menstruação.

IdadeMasculinoFeminino
2 a 3 anos5,7 cm/ano5,9 cm/ano
3 a 4 anos5,1 cm/ano5,2 cm/ano
4 a 5 anos4,7 cm/ano4,7 cm/ano
5 a 6 anos4,5 cm/ano4,5 cm/ano
6 a 7 anos4,2 cm/ano4,4 cm/ano
7 a 8 anos4,1 cm/ano4,3 cm/ano
8 a 9 anos3,8 cm/ano4,1 cm/ano
9 a 10 anos3,7 cm/ano4,3 cm/ano
10 a 11 anos3,7 cm/ano4,8 cm/ano
11 a 12 anos3,8 cm/ano6,1 cm/ano
12 a 13 anos4,9 cm/ano3,7 cm/ano
13 a 14 anos7,1 cm/ano1,4 cm/ano
14 a 15 anos4,1 cm/ano 
15 a 16 anos1,2 cm/ano 

Quais são as causas da baixa estatura?
A causa da baixa estatura é multifatorial, ou seja, vários fatores podem estar participando da deficiência de crescimento. A desnutrição é uma causa importante e pode estar relacionada a alterações do apetite, maus hábitos alimentares ou problemas de absorção intestinal. Um aspecto preocupante é a ingestão deficiente de leite e proteínas frequentemente encontrada mesmo em crianças de classes sociais mais altas por descuido ou desinformação. Outro ponto de preocupação é a alimentação deficiente observada em adolescentes, sobretudo do sexo feminino, com receio de desenvolver obesidade. Doenças genéticas, respiratórias, renais, intestinais e cardíacas além de fatores comportamentais como sedentarismo, carência afetiva e sono inadequado também podem contribuir para a baixa estatura. Entre as causas hormonais, as principais são o hipotireoidismo e a deficiência do hormônio de crescimento.

Como é a avaliação de uma criança ou adolescente com baixa estatura?
Neste tipo de avaliação, sempre que possível, é recomendável que a mãe ou o pai estejam presentes pois serão solicitadas informações sobre os períodos da gestação, do nascimento e da infância. Aspectos ligados à alimentação, medicamentos, exercícios, sono e comportamento psicossocial também serão discutidos. No exame físico, a avaliação deve ser completa, inclusive no que se refere ao desenvolvimento da puberdade. É essencial que a estatura do paciente seja medida com estadiômetro de precisão com escala em milímetros para evitar erros de cálculos e diagnóstico.
Se um dos pais não puder comparecer à consulta, deverá enviar sua altura atualizada para o cálculo do potencial familiar. Para isto, deve conferir a medida em casa, pela manhã, sem sapatos, encostado em uma parede e colocando um livro sobre a cabeça para fazer uma marca que deverá ser medida usando uma trena ou fita métrica.

Os valores de altura, peso e velocidade de crescimento são avaliados em gráficos ou em um programa específico de computador que facilita os cálculos e a visualização dos resultados. Além do peso em uma balança confiável, a comparação das medidas das dobras cutâneas com o adipômetro são úteis para avaliar se a criança está engordando ou emagrecendo.

O que é um adipômetro?
É uma aparelho usado para medir dobras de pele com alto nível de precisão. Sua escala é dividida em décimos de milímetros e refletem a gordura subcutânea. O peso corporal é uma variável importante para se avaliar o grau de nutrição, mas em um tratamento de crescimento, quando uma criança aumenta o peso na balança, não significa que a gordura dela aumentou, pois o aumento dos ossos, dos órgãos e dos músculos também interferem no seu peso. O uso do adipômetro permite, portanto, estimar em cada consulta as reais variações do tecido gorduroso independentemente do crescimento.

São necessários muitos exames?
Depende do grau da baixa estatura, das informações colhidas durante a consulta e o exame físico. Se a baixa estatura é confirmada, um exame de idade óssea é sempre solicitado. Exames de sangue, urina e fezes também podem ser necessários de acordo com os achados da avaliação clínica.

O que é a idade óssea?
É um exame de Raio X da mão e punho esquerdo para se avaliar em que idade está o nível de maturação dos ossos dando uma boa noção do potencial que o paciente ainda tem para crescer. Uma idade óssea de 19 anos, por exemplo, indica que as cartilagens de crescimento já estão consolidadas e a pessoa já está em sua estatura adulta. Por outro lado, se um adolescente de 19 anos tiver uma idade óssea de 14 anos, indica que ela ainda tem, do ponto de vista radiológico, potencial para um crescimento que pode chegar a 10 cm com tratamento adequado.

O que é estirão puberal?
É uma fase que se inicia geralmente antes da primeira menstruação nas meninas e por volta dos 12 aos 14 anos de idade óssea nos meninos quando ocorre uma aceleração na velocidade de crescimento. Nesta fase, a necessidade de nutrientes costuma aumentar bastante e é uma grande oportunidade para recuperar atrasos de crescimento que aconteceram na infância.

É verdade que após a primeira menstruação a menina pára de crescer?
Não. Quando ocorre a primeira menstruação, a menina geralmente está na fase final do estirão puberal e a partir daí ocorre uma diminuição da velocidade de crescimento. Embora varie de pessoa para pessoa, as meninas ainda crescem, em média, 6 cm após a primeira menstruação.

E como é o tratamento da baixa estatura?
O tratamento varia muito de acordo com as causas que foram encontradas. O tratamento de suporte é muito importante e envolve a correção de hábitos alimentares errados, a orientação de uma alimentação balanceada para a idade com estímulo à atividade física e ao sono adequado. Quando se confirmam certos tipos de doenças ou carências nutricionais o uso de medicamentos ou suplementos alimentares podem também estar indicados. Os hormônios são usados nos casos em que existe uma deficiência hormonal ou para corrigir alguns casos de atraso de desenvolvimento. O maior objetivo de um tratamento para a baixa estatura é identificar e tratar os fatores que estejam perturbando o processo normal de crescimento, e criar condições para que a criança aproveite ao máximo todo o seu potencial genético.

Como é o tratamento com hormônio de crescimento?
O hormônio de crescimento humano está disponível comercialmente desde 1986 e está formalmente indicado para os casos em que existe a deficiência deste hormônio. O tratamento é injetável, feito com aplicações diárias no subcutâneo através de canetas aplicadoras e é praticamente indolor. Apesar de ser relativamente caro, o governo dispõe de programas que fornecem o medicamento para muitos casos.

O hormônio de crescimento pode ser usado em quem não tem deficiência deste hormônio?
Recentemente, um estudo científico bem conduzido, demonstrou que o uso do hormônio de crescimento por um período que variou de 2 a 10 anos em crianças sem déficit deste hormônio proporcionou um aumento na altura final em torno de 5 cm. Outros estudos tem mostrado o benefício da associação de bloqueadores da puberdade com o hormônio de crescimento em aumentar a altura final de pacientes com baixa estatura e sem atraso de idade óssea. Algumas crianças podem apresentar respostas normais aos testes provocativos de hormônio de crescimento, mas apresentam velocidade de crescimento muito baixa, sem resposta ao tratamento convencional. Nesses casos, se a criança tiver uma melhora do crescimento após 6 meses de hormônio, o tratamento deve ser fortemente considerado.

Que fatores influenciam no tratamento?
O sucesso do tratamento da baixa estatura depende de três fatores principais:

1) potencial genético
2) disciplina da criança e da família em seguir as orientações
3) época do início do tratamento.

Como não é possível modificar o potencial genético da criança, temos que investir nos dois outros fatores. O tratamento da baixa estatura geralmente implica na adoção de vários novos hábitos como tempo de sono, atividade física, alimentação balanceada e, alguns casos, uso de medicamentos. É necessário portanto que o paciente e a família estejam dispostos a estas mudanças, pois disso depende grande parte do nosso sucesso. Outro aspecto fundamental é a época de iniciar o tratamento. Uma vez identificada baixa estatura, quanto mais precoce iniciarmos o tratamento maiores serão as possibilidades de alcançarmos os resultados desejados. Embora alguns sinais da baixa estatura sejam percebidos na infância, é comum os pais e o paciente só procurarem orientação especializada na puberdade, quando o adolescente começa a perder sua auto-estima em função da demanda social da estatura. Nessa época, entretanto, as possibilidades de tratamento ficam muito reduzidas, pois as epífises ósseas já se encontram com processo de fechamento muito adiantado devido à ação dos hormônios da puberdade (exceto aqueles casos em que existe um atraso significativo da idade óssea). Em casos de baixa estatura constitucional (aqueles que não tem em uma causa hormonal, genética ou metabólica presente), o ideal é que o paciente iniciasse o tratamento pelo menos dois a três anos antes do estirão puberal.

Existe cirurgia para crescer?
O tratamento cirúrgico da baixa estatura com alongamento ósseo está indicado para aqueles casos em que a baixa estatura limita a vida da pessoa ou cria sérias dificuldades de convívio social; não sendo recomendada naqueles casos de demanda puramente estética. Em princípio, podem ser indicados homens abaixo de 160 cm e mulheres abaixo de 150 cm. Estes limites entretanto podem variar dependendo de vários outros fatores, como aspectos psicológicos, padrão familiar, perfil profissional etc.

Consiste em aparelhos externos com fixadores metálicos inseridos nos ossos que promovem o alongamento do osso em até 1 mm por dia durante o tratamento, podendo alcançar um aumento de 5 a 7,5 cm em 3 meses. O tempo total de cadeira de rodas é de 4 a 5 meses.
Apesar das complicações serem pouco freqüentes, é importante que se pese os riscos de se submeter a um procedimento ortopédico de razoável complexidade, para se obter alguns centímetros de altura.

Bibliografia: Dr. Geraldo Santana e Nut. Juliana Chaves.


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