A dor nas costas é um dos distúrbios dolorosos que mais acometem a humanidade, com incidência apenas menor que a cefaléia. Em um determinado momento, 30% a 40% da população apresenta dor nas costas e entre 80% a 90% já sofreu com ela em algum momento da vida. Ela afeta ambos os sexos e todas as idades, das crianças aos idosos, dos sedentários aos atletas de diversas modalidades esportivas, mas é mais prevalente no melhor da vida reprodutiva, em torno dos 45 anos, onde os adultos costumam ser surpreendidos pela dor. Entre os idosos inativos é a maior ocorrência em consultórios médicos.
Ela é classificada em aguda e crônica. É considerada aguda quando apresenta duração inferior a um mês e resultante de uma patologia médica destituída de gravidade. Caso a dor persistir por até ou mais de seis meses, é considerada crônica e representa 1% a 5% dos casos. Quando ocorrer compressão de nervos das regiões lombares e sacras esta situação denomina-se ciática, sendo observada em até 40% dos indivíduos ao longo da vida.
A dor nas costas é uma das razões mais comuns pelas quais os indivíduos precisam se afastar do trabalho, especialmente aqueles que com freqüência se encarregam de levantar muito peso em posições incômodas. Além disso, a quantidade de tempo de trabalho perdido em função de problemas nas costas tem aumentado muito nos últimos tempos. Atualmente está duas a três vezes maior que há vinte anos. O resultado disso é um aumento expressivo dos custos da dor nas costas para toda a sociedade. O custo total atualmente calculado por ano em tratamento médico, benefícios e perda de produtividade é um montante fenomenal.
DIAGNÓSTICO
Em grande parte dos pacientes, o diagnóstico é sindrômico, ou seja, a estrutura responsável pela dor da coluna poderá não ser identificada.
Entre as principais causas de dor aguda temos: hérnia de disco, fraturas de corpos vertebrais, estiramento muscular ou ligamentar e doenças das articulações interapofisárias posteriores. Estas dores poderão em sua evolução se cronificar.
As dores crônicas são de várias causas e entre as mesmas temos:
É importante salientar que doenças em estruturas nas proximidades da coluna também podem causar dor na região lombar, como observado nas seguintes doenças: aneurisma de aorta, pancreatite aguda, calculose renal, doenças inflamatórias intestinais (retocolite ulcerativa, doença de Chron), ginecológicas (endometrioses, útero retrovertido, tensão pré-menstrual) prostatite e doenças inflamatórias pélvicas.
Na maioria dos casos o diagnóstico se estabelece por meio de uma avaliação adequada do paciente, que inclui história clínica completa, antecedentes pessoais, familiares e psicológicos, interrogatório sobre os diversos aparelhos e exame físico completo, inclusive neurológico e do aparelho locomotor.
O diagnóstico final, no entanto, pode ser obtido apenas através de exames complementares. A opção por um ou vários exames depende de cada caso e gravidade. Muitas são as possíveis origens da dor e os sintomas podem levar à uma interpretação errada se não forem esgotadas todas as possibilidades de diagnóstico preciso.
A Radiografia Simples (Raio-X) do segmento ou segmentos (cervical, torácico, lombar) da coluna vertebral acometidos pela dor geralmente é a primeira avaliação complementar solicitada, pois é um método simples, acessível e permite detectar a grande maioria dos problemas, como as alterações degenerativas ( osteófitos, artrose interapofisária), as alterações das curvaturas fisiológicas (escoliose, hiperlordose, hipercifose), algumas alterações metabólicas (osteopenia), as espondilolisteses (escorregamento de um corpo vertebral sobre outro).,etc.
A Tomografia Computadorizada é um exame radiográfico mais detalhista que a radiografia, muito utilizado para a visualização de alterações não detectáveis na radiografia, como as hérnias de disco. Pelo seu alto custo e dificuldade de obtenção, é frequentemente solicitada em casos especiais onde se precisa de mais esclarecimentos ou quando o tratamento inicial não surtiu efeito.
A Ressonância Magnética é um exame ainda mais poderoso que os anteriores pois permite visualizar a coluna em três dimensões, mostrando com detalhes as alterações da medula espinhal e raízes nervosas, hérnias discais, o estado de hidratação do núcleo pulposo, as estenoses do foramen e do canal vertebral, entre outros. Atualmente, este é o exame mais completo para o estudo da coluna vertebral
TRATAMENTO
De uma maneira inteligente, o tratamento deve ser decidido por uma equipe multidisciplinar envolvendo o médico, o fisioterapeuta e o profissional de Educação Física.
O médico deve previamente conscientizar o paciente dos fatores de risco que podem promover dor de coluna, especialmente o estilo de vida (sedentarismo, sobrepeso e obesidade), a desobediência às regras básicas de postura e a realização de exercícios inapropriados
Os fisioterapeutas e os profissionais de Educação Física são os que possuem a formação necessária para auxiliar ou mesmo realizar o tratamento da dor nas costas. Eles utilizam um histórico fornecido pelo paciente para determinar quais os fatores mecânicos que estão provocando a dor e, a partir dos dados dessa avaliação, traçam um programa de tratamento visando a melhora das condições físicas, funcionais e posturais do paciente.
O alívio da dor pode ser obtido por meio de recursos físicos como manipulações, alongamentos, exercícios, massagem, calor, eletroterapia, crioterapia, biofeedback, etc.. Os exercícios de alongamento são especialmente importantes para pessoas que precisam manter uma determinada postura por um tempo prolongado, executando tarefas repetitivas. É o caso de pessoas que trabalham em terminais de computador ou executando tarefas que requerem precisão, tais como: dentistas, desenhistas, cirurgiões, operários de montagem, etc.
Além destas , as técnicas recentemente desenvolvidas de Cadeia Cinética tem proporcionado excelentes resultados no auxílio dos indivíduos a conviver com as dores e restrições posturais, já sendo realizada por profissionais de Educação Física em Guanambi.
Lembrar que a recorrência é muito comum. Estudos recentes demonstraram que após um ano de tratamento apenas 21% dos pacientes apresentam remissão. Os outros, em sua maioria, não seguiram as orientações quanto aos fatores de risco, ou apresentavam problemas relacionados ao trabalho ou psicológicos, particularmente a depressão.
A indicação de tratamento cirúrgico deve ser criteriosa, somente após a realização do tratamento clínico , por um período de no mínimo 06 a 12 semanas, levando em conta todos os fatores de risco do paciente, a fim de se obter os melhores resultados.