Próteses de silicone não são fator de risco para o desenvolvimento do câncer de mama, porém podem dificultar o diagnóstico da doença. Além disso, a literatura médica descreveu nos últimos 20 anos “raríssimos casos de linfoma anaplásico de grandes células (ALCL)” em portadoras de próteses, explica o mastologista e ginecologista do Einstein dr. Silvio Eduardo Bromberg.
O câncer de mama, explica o médico do Einstein, é uma doença que acomete a glândula mamária, sobretudo seus dutos e lóbulos. “O implante de silicone é um dispositivo que é utilizado com finalidade estética e pode ser colocado atrás da glândula mamária ou atrás do músculo peitoral maior.”
“O achado deve ser considerado e também melhor estudado e compreendido por meio de novas pesquisas”, afirma o ginecologista e obstetra do Einstein dr. Mariano Tamura. “O consumo de açúcar e outros alimentos com alto índice glicêmico estimula a rápida liberação de insulina. A hipótese a ser testada é de que a insulina, por sua vez, desencadeia reações hormonais suficientes e necessárias para levar ao desenvolvimento das características físicas sexuais que culminam com o início da menstruação.”
Apesar de não representar fator de risco para a doença, o implante mamário pode dificultar o diagnóstico do câncer. O impacto da sua presença (em uma possível detecção da neoplasia) dependerá da forma, volume, situação retro ou pre peitoral da prótese e também do volume mamário onde está inserida, afirma o dr. Bromberg.
“No pior cenário a prótese pode encobrir de 15 a 40% um diagnóstico de alteração mamária.” De acordo com o médico, a mamografia é o principal exame para detecção precoce da doença e as próteses podem prejudica-la – principalmente no posicionamento correto da paciente para a aplicação do exame.
“Assim tumores mais profundos ou mais periféricos na mama podem não ser adequadamente visualizados, tendo seu diagnóstico retardado”, diz o médico do Einstein. Daí a necessidade de exames complementares, como a ultrassonografia e a ressonância magnética, em pacientes portadoras de próteses.
Além do diagnóstico do câncer, a ressonância também é o exame para detecção de qualquer tipo de ruptura da prótese.
Os casos são raros, mas a literatura médica descreveu alguns nas últimas duas décadas em mulheres com próteses mamárias. A ALCL não inicia na glândula mamária, mas na cápsula que se forma ao redor da prótese. “Parece ter relação com uma reação inflamatória crônica e ao tipo de prótese (as texturizadas parecem ter maior chance)”, afirma o dr. Bromberg.
Na França, desde 2011, o Instituto Francês de Câncer diagnosticou 18 casos e declarou uma “clara ligação” entre próteses de silicone e o surgimento da ALCL. Segundo o National Cancer Institute, dos Estados Unidos, a incidência desse tipo de câncer no país é estimada em 3 casos a cada 100 milhões de mulheres por ano.
Dr. Silvio Eduardo Bromberg, mastologista e ginecologista do Einstein.